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Entrevista dada ao Jornal Aqui

Por Lívia Venina

Em breve, pode ser que o prefeito Neto precise chamar para uma conversa muito séria dois de seus colaboradores: o comandante da Guarda Municipal, Luiz Henrique Monteiro, e o vice-prefeito e coordenador da Juventude, Nelsinho Gonçalves. Isso, é claro, se os jovens que têm se mobilizado pela internet para questionar o governo municipal forem fortes o bastante para convencê-lo a rever algumas de suas atitudes. Até o fechamento desta edição, cerca de 300 pessoas – jovens, em sua maioria – haviam confirmado presença, no Facebook, ao evento ‘Neto, VR não é sua. VR é nossa!’. Se realmente abrirem mão do feriado de 7 de setembro, Dia da Independência, para se manifestarem politicamente, essas 300 pessoas se reunirão em frente ao Palácio 17 de Julho, na Praça Sávio Gama, no Aterrado, para reivindicar uma série de medidas.
Uma delas, aliás, diz respeito à atuação da Guarda Municipal. Ao comando da corporação, para ser mais exato. É o que diz uma das organizadoras do evento, a jovem Danielle Procópio, 25. Em entrevista ao aQui na quinta, 25, Danielle explicou os motivos que a levaram, junto a mais 20 jovens, a organizar pela internet uma manifestação contra as ações da prefeitura. De acordo com a moça, o estopim do movimento aconteceu na semana passada, quando a GM, com apoio da Polícia Militar, proibiu a colocação de mesas e cadeiras na calçada da Avenida Oscar de Almeida Gama, no Aterrado, onde uma roda de samba acontecia às sextas-feiras.
“A prefeitura proibiu, mas diz que não proibiu o samba. Juntou isso com a repressão da GM e, de fato, há tempos vínhamos observando que a maioria dos projetos da prefeitura é voltada para a Terceira Idade”, relatou Danielle, acrescentando que, a seu ver, o autoritarismo dos guardas foi o que motivou os jovens a se unirem e reivindicar maior atenção por parte do Poder Público. “Apesar de existir a Coordenadoria da Juventude, que é coordenada pelo vice-prefeito, o Nelsinho Gonçalves, vemos que os projetos são voltados para jovens de ensino fundamental. Ou seja, os jovens universitários ou já formados, com mais de 20 anos de idade, são ignorados”, criticou.
Danielle vai além. Com discurso afiado, garante que a juventude da cidade do aço está “cansada de não ter espaço”. “O jovem de Volta Redonda se forma e tem que sair do município para conseguir emprego. E, em relação à Guarda Municipal, não é apenas a juventude que reclama do comando, daquele major Luiz Henrique. A população também reclama. A forma como ele tem feito a GM agir faz com que as pessoas tenham raiva dos guardas”, frisou, criticando algumas das ações da corporação. “Toda hora eles querem fechar os bares, retirar mesas das calçadas, ficar em cima dos vendedores ambulantes. Porque este major não foi afastado do comando, apesar das reclamações?”, questionou Danielle, fazendo questão de reforçar que a ação da GM em frente ao Bar dos Enjoados foi a gota d’água para que tanto os frequentadores da roda de samba quanto outros jovens decidissem agir. “A população está tomando raiva e receio de uma corporação que é necessária para a cidade. Isso por causa do autoritarismo do comandante”, disparou.
A jovem destaca, com insistência, que o movimento não é de oposição partidária e não tem cunho pessoal. Muito pelo contrário. Para ela, tudo é uma questão de exercer o direito de expressar livremente suas ideias e opiniões. “Não temos lazer, não temos educação de qualidade. Em momento algum a gente vê o vice-prefeito botando a cara pra bater e dizer a que veio. O que a juventude quer é liberdade de expressão, concurso público com salários dignos e parcerias com empresas para gerar empregos”, explicou Danielle, que continua. “Achamos que o Nelsinho, como coordenador da Juventude e vice-prefeito, devia estar à frente disso. Agora, não é nada pessoal. O Neto foi um bom prefeito, fez muito pela cidade. Mas só obras de infraestrutura já não atendem mais, e é isso o que tem que ser mostrado”, opina.
Segundo Danielle, o objetivo do movimento, em curto prazo, é conseguir que o prefeito Neto ouça as reivindicações dos jovens. “Esperamos que ele seja menos autoritário, que converse com o comando da GM e olhe mais para os jovens da cidade. A gente não quer só saber de fórum e de conferências - que também são importantes -; a gente quer saber de emprego e saúde, dentre outras coisas”, esclareceu. “Afinal, há muitos jovens que se formam e vão trabalhar no comércio. Se a mulher for bonitinha consegue emprego em loja. Homem, se não fizer engenharia ou algo do tipo, passa sufoco: tem que sair da cidade ou se virar por aqui, do jeito que dá”, acrescentou.
Modesta (ou realista?) em suas expectativas, Danielle afirma esperar a presença de pelo menos 100 pessoas à manifestação, marcada para 7 de setembro, na Avenida Paulo de Frontin. “Quase 300 confirmaram presença no Facebook, mas não significa que todas comparecerão. Vamos estar lá com faixas, camisetas e informativos. E é engano deles (da prefeitura, grifo nosso) se acham que vamos fazer bagunça ou vandalismo. Quem faz isso é jovem imaturo, já passamos desse período”, avisou a coordenadora do evento, salientando que todos os envolvidos têm consciência de que não podem desacatar autoridades. “Mas também temos opinião formada e sabemos que temos direito de manifestar, inclusive em praça pública, a nossa opinião”, frisou.
Tem mais. A intenção do grupo - formado por jovens entre 20 e 30 anos -, é se reunir periodicamente para discutir o que está acontecendo no município. “Vamos falar de cultura, educação, desenvolvimento. Não vamos nos unir apenas para este evento de 7 de setembro”, garantiu, afirmando que tanto a manifestação em frente ao Palácio 17 de Julho quanto as críticas feitas no Facebook deveriam ser observadas com carinho pelo prefeito Neto. “Deveria servir de estímulo para ele. Que ouça nossas reclamações para rever seus conceitos e sua forma de governar. Se muita gente começa a reclamar, é porque alguma coisa está errada”, finalizou Danielle.
Procurado pelo aQui para falar a respeito da manifestação, o prefeito Neto limitou-se a dar apenas uma opinião: “Vivemos num país democrático e isso faz parte da democracia”, afirmou.
Críticas e discussões
Até o fechamento desta edição, a página do evento ‘Neto, VR não é sua. VR é nossa!’ no Facebook já contava com mais de 300 adesões. Mas esta, ao contrário do que muita gente possa imaginar, não é a única página onde são debatidos os problemas da cidade do aço. O grupo ‘Palanque – Sabotagem VR’ foi criado por internautas para debater as últimas medidas que teriam sido tomadas pela prefeitura, “que afetam a liberdade de expressão popular dos voltarredondenses”, justificam.
Vários dos 346 integrantes do grupo criticam abertamente a Guarda Municipal e o seu comandante, major PM Luiz Henrique. “O programa não é ‘VR em Ordem’? Homem pra tirar adolescente da praça tem um monte, mas pra tirar o bicheiro não tem como, né? Eu entendo...”, disparou um internauta. “A prefeitura está investindo pesado na repressão à população”, comentou outro. Mas não é só isso. Lendo as mensagens do grupo descobre-se que um abaixo-assinado virtual pretende solicitar à Câmara que convoque uma audiência pública para debater as recentes ações da prefeitura de Volta Redonda através do projeto ‘VR em Ordem’, executado pela Guarda Municipal.

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